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Vieira Portuense: o mais viajado dos artistas portugueses do seu tempo

13 de Maio, 2024

Francisco Vieira nasceu no Porto a 13 maio de 1765 e faleceu a 12 maio de 1805, vítima de tuberculose, um dia antes de completar 40 anos de idade.

 

A aprendizagem no ensino oficial iniciou-se em 1787, quando a 15 de Fevereiro se inscreveu como aluno extraordinário na recém-criada Aula Régia de Desenho, em Lisboa. Dois anos mais tarde prosseguiu os estudos em Roma, financiado pela família e pela Feitoria Inglesa ou, muito provavelmente, pela Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro.

 

Entre Junho de 1793 e 1796 passou uma temporada em Parma para pintar e estudar a obra de Antonio da Corregio (c. 1489-1534). Durante este período, travou amizade com o impressor Giambattista Bodoni (1740-1813) e com o gravador de Bolonha, Francesco Rosaspina (1762-1841), com quem veio a trocar abundante correspondência. Foi de igual modo nesta época que conheceu o pintor Thomson, seu futuro companheiro de viagem a Nápoles.

 

Viajou pelos arredores de Parma, Cremona, Colorno e Piacenza, onde o poeta Giampaolo Maggi lhe dedicou um livro. Visitou os centros culturais e artísticos de Itália, da Alemanha e de Inglaterra, que marcaram profundamente o seu trabalho.

 

Francisco Vieira fixou-se em Londres a partir de 1789, onde conheceu o famoso pintor Joshua Reynolds (1723-1792) e o gravador Francesco Bartolozzi (1725-1815). Durante a sua estadia em Londres participou nas edições de 1798 e 1799 da Exposição da Royal Academy of Arts, recebeu a encomenda de pinturas para a nova igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco do Porto e apresentou a Bodoni o projeto da publicação de uma obra sobre Camões.

 

Em 1800, depois do seu regresso a Portugal, foi contratado pela Junta da Administração da Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro como professor da Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto.

Entre 1801 e 1802 trabalhou em Lisboa nas ilustrações de uma edição de “Os Lusíadas”, promovida por D. Rodrigo de Sousa Coutinho (1801-1802). A 1 de Julho de 1803, Francisco Vieira foi nomeado diretor da Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto.

 

Vieira Portuense, como ficou conhecido Francisco Vieira para se distinguir de Vieira Lusitano, foi o mais viajado dos artistas portugueses do seu tempo, estudando na Europa onde conviveu com obras de grandes mestres e com os mais relevantes artistas e mecenas. Homem culto e poliglota, Francisco Vieira regressou ao país para partilhar com Domingos Sequeira, o estatuto de pintor do regente D. João VI.

 

Encontra-se representado na exposição de longa duração do Museu Nacional Soares dos Reis, de onde destacamos a Fuga de Margarida de Anjou (na imagem), pintada por Francisco Vieira Portuense no período em que viveu em Londres. Foi apresentada na exposição da Royal Academy of Arts em 1798 e é inspirada na História de Inglaterra de David Hume, publicada entre 1754 e 1762.

 

O episódio retratado ocorreu durante a Guerra das Duas Rosas (1455 – 1485) que opôs as famílias de Lancaster e York na disputa pelo trono de Inglaterra. A cena representa um momento da fuga da rainha Margarida de Anjou com o filho Eduardo para a Escócia. Este é talvez o momento mais emotivo de todo o enredo, reforçado aqui pelo posicionamento das figuras à mercê de uma paisagem monumental.

 

 

Fonte bibliográfica