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Representação da Mulher na Coleção de Pintura do Museu

8 de Março, 2024

Assinala-se hoje, 8 março, o Dia Internacional da Mulher, instituído pela ONU – Organização das Nações Unidas. Com este dia, a ONU pretende homenagear as mulheres de todas as nações, que viram o seu papel na sociedade menorizado e os seus direitos violados por terem nascido mulheres e que lutaram por direitos de cidadania, iguais aos direitos reconhecidos aos homens.

 

O Dia da Mulher foi celebrado pela primeira vez em 1911, após iniciativa de Clara Zetkin, aprovada no congresso internacional das mulheres na Internacional Socialista em 1910. Nos primeiros anos foi celebrado em dias diferentes, mas sempre em Março, a 19 e a 25, dependendo dos diferentes contextos ou países.

 

Após a greve das operárias russas, a 8 de Março de 1917, que marcou o início da Revolução Russa, passou a ser celebrado a 8 de Março. A Organização das Nações Unidas instituiu oficialmente esta data como Dia Internacional da Mulher em 1975.

 

A representação da mulher sempre foi um tema recorrente na arte e o acervo de pintura do Museu Nacional Soares dos Reis possui vários exemplos.

 

Elegemos Aurélia de Souza para evocar todas as mulheres artistas. Nasceu a 13 de Junho de 1866, na cidade de Valparaíso, no Chile, filha de portugueses emigrados. Com apenas três anos de idade veio para Portugal com a família, que se instalou no Porto, numa propriedade nas margens do rio Douro, a Quinta da China.

 

A sua aprendizagem artística inicia-se com as lições particulares de desenho e pintura de Caetano Moreira da Costa Lima. Tinha já 27 anos quando se matriculou na Academia Portuense de Belas-Artes, que frequentou entre 1893 e 1898. Em 1899, partiu para Paris suportada financeiramente pela família. Ali permaneceu cerca de três anos e frequentou os cursos de Jean-Paul Laurens e Benjamin Constant na Academia Julien.

 

À semelhança do programa dos bolseiros do Estado, antes de regressar a Portugal, viajou por vários países europeus na companhia da irmã Sofia, também ela pintora, que se juntara a Aurélia em Paris. Regressada ao Porto desenvolveu uma carreira reservada, algo tanto arredada dos meios artísticos da cidade, apesar da participação regular em exposições coletivas.

A sua produção artística assenta num conjunto reduzido de temáticas: as que preferiu e trabalhou ao longo de toda a carreira foram o retrato, a paisagem e as cenas intimistas do quotidiano doméstico. Os motivos para as suas pinturas, além do seu próprio rosto, procurava-os no universo familiar, fonte inesgotável de inspiração: as pessoas, os recantos da casa, os aspetos do jardim, os trechos de paisagem com o rio ao fundo.

 

É da autoria de Aurélia de Souza uma das obras de referência da arte portuguesa na viragem dos dois séculos: o Autorretrato da coleção do Museu Nacional Soares dos Reis realizado por volta de 1900. Morre no Porto em 1922, com 55 anos.

 

Aurélia de Souza é uma das poucas mulheres portuguesas que tem, por direito próprio, lugar na galeria dos grandes pintores portugueses da segunda metade do século XIX, a par de artistas de renome como Marques de Oliveira, Henrique Pousão ou António Carneiro.

Aurélia de Souza

Legendas das imagens @Museu Nacional Soares dos Reis

 

Óleo sobre tela ‘A tigela partida’, de Silva Porto | Óleo sobre tela ‘Cabeça de rapariga’, de Marques de Oliveira | Óleo sobre papel colado em madeira ‘Cabeça de Velha’, de Augusto Roquemont | Óleo sobre tela ‘Cecília’, de Henrique Pousão | Óleo sobre madeira ‘Costume de campanha romana (Napolitana)’, de Silva Porto | Óleo sobre madeira ‘Costume de Capri (Cabeça)’, de Silva Porto | Óleo sobre tela ‘Cuidados de amor’, de José Malhoa | Óleo sobre madeira ‘Napolitana’, de Marques de Oliveira | Óleo sobre madeira ‘Lavadeira’, de Artur Loureiro | Óleo sobre madeira ‘Raparigas minhotas’, de Agostinho Salgado | Óleo sobre tela ‘Figura de Senhora com flores’, de João Augusto Ribeiro | Óleo sobre tela ‘Auto-Retrato’, de Aurélia de Souza