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Eugénio Moreira: ‘um dos maiores pintores paisagistas portugueses’

20 de Fevereiro, 2024

Tendo falecido em fevereiro de 1913, com apenas 42 anos de idade, vítima de doença mental, Eugénio Moreira foi artista da segunda geração de naturalistas, embora praticamente ignorado em vida.

 

Eugénio Moreira foi homenageado postumamente numa exposição organizada pelo seu sobrinho, Fernando Ferrão Moreira, no Ateneu Comercial do Porto (1956).

 

O Museu Nacional de Soares dos Reis tem três telas da sua autoria: um autorretrato inacabado, onde o pintor se representa a meio-corpo, com paleta e pincéis e rosto entristecido; e as suas duas obras mais elogiadas: a paisagem Vale de Penacova (na imagem), obra patente na Grande Exposição do Norte de Portugal de 1933 e na 1.ª Exposição de Arte Retrospectiva (1880-1933) da SNBA em 1937; e o retrato Ferreirinha exposto em Lisboa, em 1937.

Eugénio Moreira nasceu no Porto em 1871. Frequentou a Escola Médico Cirúrgica do Porto (1892-1895), transferindo-se, depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nesta cidade conviveu com o grupo da Boémia Nova, mantendo relações de amizade com os escritores portuenses António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) e, em especial, com Agostinho de Campos (1870-1944). Regressou ao Porto sem ter concluído o curso, matriculando-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde não chegou a diplomar-se.

 

Viveu alguns anos em Paris, onde frequentou a Academia Julien e a Academia Décluse. Foi discípulo de Jean Paul Laurens (1838-1921) e de Benjamin Constant (1845-1902) e recebeu influências de pintores dos movimentos impressionista, fauvista e Nabis. Visitou museus e templos italianos, registando as suas impressões em guias de viagem.

 

De regresso a Portugal, estudou paisagem e figuras portuguesas. Percorreu o Minho, em especial a zona de Vila Praia de Âncora, e Vale de Penacova na Beira, detendo-se nas terras do Mondego. Em 1907 expôs no ateliê do escultor Fernandes de Sá, seu companheiro e amigo.

 

Em 1955, Abel Salazar referia-se deste modo ao pintor: “Eugénio Moreira, o malogrado autor de “Vale” é, com Henrique Pousão, o maior dos paisagistas portugueses. Entre os dois existem diferenças na qualidade, não em valorização: são duas visões, porém igualmente elevadas”.

 

Fonte documental