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Categoria de Coleção: Cerâmica

A cerâmica é uma das mais importantes coleções do Museu Nacional Soares dos Reis, não só pelo número de peças, mas também pela sua relevância, representando a produção de faiança em Portugal desde o século XVI.

Entre as muitas peças que compõem esta coleção predomina a faiança nacional nortenha, em particular de Viana do Castelo, do Porto e de Vila Nova de Gaia. Das outras regiões do país, destacam-se os conjuntos cerâmicos provenientes de Coimbra, de Lisboa (Rato) e a que é atribuída a Aveiro. A coleção integra também três valiosos núcleos: um de faiança holandesa de Delft (séculos XVII e XVIII), outro de porcelana chinesa e japonesa (séculos XVI a XX), e outro de porcelana europeia (séculos XIX e XX). O núcleo de porcelanas é constituído na sua grande maioria por peças chinesas de várias épocas, que vão desde o século XVI, do período Jiajing (dinastia Ming), até ao século XIX.

Em reserva conservam-se outras peças relacionadas com as que são apresentadas na exposição de longa duração assim como outros núcleos relativos ao século XX. Refira-se a doação de João Castel Branco Pereira e Paulo Henriques e um expressivo conjunto da obra cerâmica do escultor e pintor alemão Hein Semke (1899-1995).

Virgem com o menino

Portugal

1601 -1650 

Faiança

Ficha de inventário

Em meados do século XVI iniciou-se o fabrico de faiança em Portugal com a fixação de ceramistas flamengos em Lisboa. As modernas influências maneiristas, oriundas da Flandres e de Itália, fizeram-se sentir nestas primeiras produções, mas também nas décadas seguintes. 

Esta Virgem com o menino, tipologia rara nas coleções de faiança dos museus nacionais, remete para uma tradição de escultura cerâmica italiana que relembra as extraordinárias obras da oficina de Andrea della Robbia ou de Santi Buglioni.

Serviço de mesa (incompleto)

China 

Dinastia Qing, período Jiaqing (1800 dC- 1810)

Porcelana

Ficha de inventário

Este requintado serviço de mesa de tradição europeia é um interessante testemunho de um tempo de mudança cultural, combinando o rococó com o então moderno estilo neoclássico.
O estilo rococó reflete-se na decoração das suas reservas, preenchidas com paisagens chinesas, e o neoclássico na presença dos ornatos de gregas e festões dourados e das formas de algumas peças, nomeadamente das terrinas (em urna clássica).
O serviço pertenceu ao bispo do Porto ao tempo das invasões napoleónicas, D. António de São José de Castro (1741-1814), cujo brasão de armas ostenta. Outras peças deste serviço de mesa encontram-se espalhadas por vários museus e coleções particulares em Portugal e no estrangeiro.

Pote

China 

Dinastia Ming, período Jiajing (1522-1567)

Porcelana

Ficha de inventário

Este é um de dois grandes potes da dinastia Ming, do período Jiajing (1522-1567), pertencentes ao grande núcleo de porcelanas, que constitui um terço da coleção de cerâmica no MNSR. Entre as peças mais antigas, salientam-se os potes atrás referidos, vários pratos e uma taça também do século XVI.

Neste núcleo destacam-se, pela qualidade e pela quantidade, peças chinesas de várias épocas, que vão desde o século XVI ao XIX.

Aquário

Portugal, Porto, Fábrica de Miragaia

1775 – 1822 

Faiança 

Ficha de inventário

Aquário com corpo em forma de tronco de pirâmide invertida suportado por quatros pés em forma de golfinho e paredes de vidro. 

Este modelo também foi produzido na Real Fábrica de Loiça ao Rato (Lisboa). No entanto, não há muitos exemplares nas coleções dos museus nacionais e poucos mantêm a sua tampa. 

Escrivaninha

Portugal, Porto, Fábrica de Massarelos (?)

Século XIX

Faiança

Ficha de inventário

Esta escrivaninha mereceu sempre uma grande atenção por parte dos investigadores de cerâmica. Sobre o tampo da escrivaninha podemos ver uma figura de Minerva, a deusa romana das artes, do comércio, da sabedoria e da estratégia militar. 

Segundo Joaquim de Vasconcelos e Artur Sandão a figura da deusa está relacionada com a derrota dos franceses nas invasões napoleónicas e simboliza a paz. A peça pertenceu a Cristiano Augusto da Silva e antes à coleção de Augusto Luso. 

Taça

Portugal, Vila Nova de Gaia, Fábrica de Santo António do Vale de Piedade (?)

Século XVIII -XIX 

Faiança

Ficha de inventário

Apesar de não estar marcada, esta taça ou bacia tem uma decoração e um vidrado de elevada qualidade característicos da faiança produzida na fábrica de Santo António do Vale de Piedade, da qual o MNSR possui outros exemplares similares. A leveza da decoração, os tons escolhidos e os trajes do casal testemunham o gosto pela estética rococó na produção e nos consumidores nacionais.

Terrina

Portugal, Fábrica de Viana do Castelo

1775 -1820 

Faiança

Ficha de inventário

Esta terrina representa, na forma e na decoração, um gosto português dos finais do século XVIII e início do século XIX, marcado por influências estéticas europeias, nomeadamente da moderna porcelana francesa e alemã. A presença dos limões com folhagem nas pegas confere um grande requinte artístico à terrina cuja decoração, em tom vinoso, se inspira nos motivos tradicionais da produção deste período.

Garrafa

Portugal

1641

Faiança

Ficha de inventário

Esta garrafa é contemporânea da restauração da independência de Portugal (em 1640), ostentando o brasão nacional e uma dama com vestido de corte. A decoração é ao gosto da porcelana chinesa do período Ming.

Pote

Portugal

1601 – 1650 

Faiança

Ficha de inventário

Pote produzido com o formato meiping e um tipo de decoração que testemunham a influência da porcelana chinesa, da dinastia Ming, na faiança portuguesa do século XVII. Apresenta motivos decorativos orientais e uma paisagem exótica com palmeiras, grandes flores, folhagem e vários animais, como um elefante, um coelho, uma borboleta e aves. 

Os potes com o formato meiping, alegadamente inspirado no corpo de uma jovem, destinavam-se a conter um único ramo de flores de ameixeira.

Panela

Portugal

1608 

Faiança

Ficha de inventário

O fabrico de faiança iniciou-se em Portugal em meados do século XVI através de ceramistas flamengos fixados em Lisboa. Esta panela apresenta a data de 1608 sendo a mais recuada que se conhece em faiança portuguesa no mundo. A segunda peça com data mais antiga também pertence ao museu, trata-se de uma taça de 1621 (609 Cer CMP/ MNSR), com uma precoce influência chinesa na sua decoração, e as duas são peças de produção oficinal, anteriores à criação das manufaturas.

As panelas com tampa e ralo serviriam possivelmente para fazer o vinho aromatizado com ervas que seriam colocadas em infusão no ralo, hábito existente em Portugal embora fosse mais comum em países germânicos para os quais estas panelas e outras tipologias de “loiça branca” eram exportadas. 

A qualidade da panela revela-se também na sua pintura cuidada quer no tratamento da águia bicéfala quer da camélia, flor que surge com frequência em peças de faiança e em painéis de azulejos da 1.a metade do século XVII.