Tendo motivado o interesse por parte do público, a conversa dedicada a Soares dos Reis e o desterro em casa própria, bem como os temas do exílio, refúgio e imigração, realizada no Museu Nacional Soares dos Reis, registou uma excelente afluência.
A iniciativa decorreu na passada quinta-feira, dia 27 julho, a propósito da instalação-vídeo Sine Terra (variações em modo menor), de José Carlos Teixeira, e contou com a moderação de Ana Mântua e as participações de Maria de Fátima Lambert e Hugo Monteiro, investigadores da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, e o próprio artista.
Sine Terra (variações em modo menor) é uma instalação-vídeo de José Carlos Teixeira, patente ao público no Museu Nacional Soares dos Reis até ao próximo dia 27 agosto, em torno da escultura O Desterrado, obra de António Soares dos Reis, que explora conceitos relacionados com a queda, a identidade múltipla e fragmentada, o exílio e deslocações várias.
O artista propõe um novo olhar sobre as emoções que O Desterrado transmite aos visitantes e apresenta, simultaneamente, um registo poético e um registo documental sobre a peça esculpida em Roma há 150 anos pelo patrono do Museu.
José Carlos Teixeira fala da existência de dois tempos: “um mais objetivo e factual no registo da escultura in situ e na investigação sobre Soares dos Reis, aliado a um outro tempo mais subjetivo e ensaístico – o da criação e composição deste projeto, derivado das suas próprias motivações autobiográficas como autor, artista e pessoa e/imigrada”.
A banda sonora da instalação-vídeo é interpretada no cravo por Fernando Miguel Jalôto, com peças de Domenico Scarlatti (1685-1757) e Vasco Negreiros (1965), e inclui a declamação em português e inglês de poemas de autores nacionais e estrangeiros como Alexandre Herculano, autor do poema Tristezas do Desterro, que serviu de inspiração a Soares dos Reis para esculpir O Desterrado.