Assinala-se hoje, 23 agosto, o 170º Aniversário de Nascimento de João Marques de Oliveira, pintor realista e introdutor do naturalismo em Portugal. Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis a partir de 1913.
Natural do Porto, a vocação para o desenho expressa desde a infância levou-o, com onze anos de idade, a ingressar na Academia Portuense de Belas Artes, durante o ano letivo de 1864-1865, nas aulas de Desenho Histórico, Arquitetura Civil e Perspetiva.
Entre 1866 e 1869 expôs os primeiros trabalhos na 9ª e 10ª Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes. Em 13 de Outubro de 1869 matriculou-se no curso de Pintura Histórica, no qual se distinguiu como um dos melhores alunos de João António Correia.
Em 1873, partiu para Paris com o colega Silva Porto, na qualidade de pensionista na classe de Pintura Histórica, enquanto o seu irmão Joaquim Marques da Silva Oliveira também enveredava por uma carreira artística, ao inscrever-se na Academia Portuense de Belas Artes.
Na cidade luz, Marques de Oliveira prosseguiu os estudos na Escola Nacional de Belas Artes com os professores Alexandre Cabanel e M. Yvon e teve oportunidade de contactar com alguns movimentos pictóricos, como o naturalismo da Escola de Barbizon e o Impressionismo, e de efetuar visitas de estudo à Holanda, à Bélgica e à Itália. As suas obras deste período foram, por diversas vezes, agraciadas com medalhas e menções honrosas. Como prova final do pensionato apresentou o quadro Céfalo e Prócris (imagem ilustrativa do artigo).
No regresso ao país em 1879, numa época conturbada no meio artístico portuense, dominada pelo aceso debate sobre a reforma académica e do ensino das Belas-Artes, Oliveira e Silva Porto introduziram a Pintura de Ar Livre em Portugal e foram nomeados Académicos de Mérito da APBA.
Neste contexto, surgiu no Porto, em 1880, o Centro Artístico Portuense, uma associação de artistas que buscavam o progresso das artes em Portugal, tal como em Lisboa pretendia o Grupo de Leão de Silva Porto. Na primeira eleição para a direção desta instituição, o escultor Soares dos Reis assumiu a presidência e Marques de Oliveira a vice-presidência, integrando também o conselho técnico. Nessa qualidade, organizou uma aclamada exposição, intitulada “Bazar do Centro Artístico Portuense”, que decorreu no antigo Palácio de Cristal, entre 27 de Março e Abril de 1881.
Pelo decreto de 26 de Maio de 1911, as Academias de Belas Artes deram lugar a três Conselhos de Arte e Arqueologia, ficando a Circunscrição do Porto (a 3ª) a tutelar o Museu Portuense que passou então a denominar-se Museu Soares dos Reis.
Em 1913 deixou o cargo de diretor da Escola de Belas Artes do Porto para assumir o de diretor do Museu Soares dos Reis, mantendo, no entanto, os seus cargos no Conselho de Arte e Arqueologia. Em 1926 foi compelido a abandonar a docência, por ter excedido a idade limite permitida pela nova lei, mas também por motivos de saúde. Faleceu, no Porto, a 9 de outubro de 1927.