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110º Aniversário de Nascimento de João Navarro Hogan

4 de Fevereiro, 2024

De ascendência irlandesa, João Navarro Hogan nasceu em Lisboa a 4 fevereiro de 1914, no seio de uma família de pintores. Está representado em diversas coleções e museus, nomeadamente no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, no Museu do Chiado e no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

 

Frequentou o curso geral da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa de 1930 a 1931. Descrente no ensino académico, abandonou a escola.

 

Certo da sua vocação de pintor, manteve-se autodidata, exercendo a pintura em paralelo com a marcenaria – sua profissão desde 1930 e por mais de 20 anos. Dessa atividade apreendeu o rigor, precisão e premeditação, características que tanto marcarão o seu processo de trabalho como pintor. Aluno em 1937 de Frederico Ayres e de Mário Augusto nas aulas noturnas da Sociedade Nacional de Belas Artes, foi em Van Gogh e em Cézanne que encontrou os seus primeiros verdadeiros mestres.

Elegendo a paisagem como tema por excelência, interpreta-a exaustiva e obsessivamente durante cinco décadas: “A minha paisagem nasce dentro e debaixo da terra. O céu nunca me interessou, e às vezes até o corto” (João Hogan, 1985). Logo nos anos 30 colheu ensinamentos nos naturalistas portugueses da 1ª geração e na pintura construída de Cézanne.

 

Pintando ao ar livre nos arredores de Lisboa e mais tarde na Beira Baixa, cedo criou um estilo próprio, marcando um percurso isolado no panorama artístico nacional. De formas sólidas e rigorosas, construídas na busca da síntese, as suas paisagens inconfundíveis mostram um profundo interesse pela vastidão e rudeza da terra. Representando lugares inabitados, imanam um silêncio cheio de significações, enfatizado pela ausência da figura humana.

 

Em 1957, começou a trabalhar em gravura, sobre a influência de William Hayter, de quem foi aluno. Se as primeiras gravuras, realizadas em madeira, têm ainda um cunho realista, as gravuras em cobre – incluindo o acaso proporcionado pelo ácido e influências do surrealismo – atingem um enorme grau de irrealidade, fantasia e mesmo humor. Dedicando-se até 1975 a esta técnica, criou uma obra extremamente lírica, de enorme diversidade, verdadeiramente autónoma da obra de pintor.

 

Sócio fundador da Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses em 1957, aí dirigiu mais tarde cursos de gravura. Realizou a partir de 1960 ilustrações para livros.

 

Escolhido em 1971 para realizar um dos quadros que decoram o café A Brasileira, no Chiado, em Lisboa, formou em 1976 o grupo 5 + 1, que expôs nesse ano em Lisboa e em Viena, com os pintores Teresa Magalhães, Júlio Pereira, Sérgio Pombo, Guilherme Parente e o escultor Virgílio Domingues.

 

Imagem Texto: Óleo sobre tela Alto dos sete moinhos (1954) de João Hogan @Museu Nacional Soares dos Reis

Imagem Capa: Óleo sobre tela Autorretrato (1959) de João Hogan @Centro de Arte Moderna de Lisboa