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‘A Morte de Camões’ em exposição dedicada ao maior poeta português

4 de Julho, 2024

O desenho ‘A Morte de Camões’, de Domingos Sequeira, em depósito no Museu Nacional Soares dos Reis, integra a exposição Épico e Trágico – Camões e os românticos, a inaugurar no próximo dia 11 julho, no Museu Nacional de Arte Antiga.

 

Comissariada por Alexandra Markl e Raquel Henriques da Silva, a exposição decorre no âmbito das celebrações em 2024 dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões (1524-1580), o maior poeta português, autor d’Os Lusíadas, inspirado em A Eneida de Virgílio, que narra a história de Portugal numa perspetiva mítica, centrada na viagem de Vasco da Gama.

‘Desde finais do século XVIII, Camões e alguns temas de Os Lusíadas conhecem crescente divulgação internacional, contextualizados numa cultura pré-romântica. A vida aventurosa do poeta torna-se ela própria motivo literário e artístico. É neste ambiente que Francisco Vieira Portuense realiza uma série de composições, visando ilustrar cada um dos 10 Cantos do poema, num projeto para uma grandiosa edição. Essa publicação nunca será concretizada mas, no início de 1817 saía em França uma cuidada e amplamente ilustrada edição monumental de Os Lusíadas, por iniciativa do Morgado de Mateus.

 

Por estes mesmos anos, vários criadores portugueses, todos a viver fora do país e quase em simultâneo, consagram obras celebrativas a Camões: Domingos Bomtempo dedica-lhe uma Missa de Requiem, em 1817, e Almeida Garrett compõe um extenso poema, editado em 1825. Coincidentemente, em 1824, Domingos Sequeira, apresenta, no Salon de Paris, o quadro ‘A Morte de Camões’ que, no final, enviou para o Rio de Janeiro, oferecendo-o ao recente imperador D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal). A obra perdeu-se depois, mas existe um conjunto de desenhos preparatórios que evocam o poeta nos últimos momentos de vida, recebendo a terrível notícia da derrota de D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir. «Ao menos morro com a Pátria!» exclamaria ele.

 

O conjunto de obras expostas consagra o arranque do romantismo na arte portuguesa, comprometida com a celebração da história nacional e dos seus heróis. E os temas camonianos, entre eles o dos últimos momentos do poeta, continuaram a ter eco e a ser abordados, ao longo de todo o século XIX, tanto por pintores portugueses como por alguns europeus’.