Este é um dos seis capitéis que pertenceu à arcaria do primitivo claustro do Convento de S. Bento de Avé-Maria mandado construir no Porto pelo rei D. Manuel I, em 1518. Foi edificado no local que antigamente se designava por Hortas do Bispo e Cividade, junto à muralha (dita) fernandina, no espaço compreendido atualmente pela rua do Loureiro, rua da Madeira e praça de Almeida Garrett.
Os capitéis têm formato semelhante, mas apresentam decoração diferente. Este capitel tem o cesto decorado nos ângulos com figuras aladas e a extremidade em forma de um peixe. Alternadamente, em duas faces do capitel as figuras entrelaçam as caudas e nas outras parecem segurar um elemento vegetal. Além dos capitéis, faz parte da coleção de Lapidária uma base de coluna e, presumivelmente também da construção original, uma Cruz de Cristo e uma esfera armilar, que são dos poucos testemunhos que resistiram à demolição do monumento em 1892, para dar lugar à construção da estação ferroviária de S. Bento.
Categoria de Coleção: Lapidária
A coleção de Lapidária do Museu Nacional Soares dos Reis abarca um período extenso que vem desde a pré-história com um exemplar de arte rupestre (Pedra com Insculturas, 2ª metade do IIIº milénio – finais IIº milénio a.C.) até ao século XIX. Reúne peças de escultura arquitetónica, funerária, heráldica e de epigrafia (portais, capitéis, pedras de armas, estelas funerárias, sarcófagos, marcos miliários, inscrições).
A coleção de Lapidária destaca-se pela tipologia de peças, pelo seu material (a pedra, sobretudo granito) e dimensões. O núcleo principal da coleção pertence ao acervo do Museu Municipal do Porto que foi depositado em 1938 no MNSR. Em termos geográficos, inclui objetos provenientes maioritariamente do Norte e Centro do país. Reflete uma época em que foram recolhidos nos museus elementos em pedra, resultantes de escavações arqueológicas, demolições de edifícios ou muralhas, e que se encontravam abandonados. No Jardim da Cerca, encontram-se expostos elementos arquitetónicos, decorativos e pedras de armas provenientes de casas, chafarizes, portas da cidade, muralhas, conventos e capelas demolidas na cidade do Porto, entre o final do século XIX e início do XX. A atual estação ferroviária de S. Bento, na praça Almeida Garrett, ocupa o lugar do antigo Convento de S. Bento de Avé-Maria. No Largo da Sé, até ao início do século XX, existia um muro que separava o Paço Episcopal e a catedral. Próximo deste local, no Largo 1.º de Dezembro, é possível ainda visitar a igreja do extinto Convento de Santa Clara, mas os restantes edifícios pertencentes ao convento foram completamente alterados pelas instituições que aí se foram instalando. Na Rua das Flores, que já foi Rua de Santa Catarina das Flores, ainda é possível ver em algumas fachadas a roda de navalhas, símbolo que D. Pedro da Costa (bispo do Porto) integrou no brasão de armas.
Pedra de armas do reino
Século XVIII
Médio/ alto relevo
Ficha de inventário
Esta pedra de armas é proveniente da fachada do desaparecido Real Teatro de S. João, no Porto, desenhado por Vicente Mazzoneschi, arquiteto e pintor italiano que se encontrava em Portugal ao serviço do Teatro de S. Carlos em Lisboa como cenógrafo.
O Real Teatro de S. João foi inaugurado a 13 de Maio de 1798, data do aniversário do príncipe regente D. João (futuro D. João VI). O teatro foi destruído por um grande incêndio que ocorreu na noite de 11 para 12 de Abril de 1908.
A pedra de armas reais é composta por oito blocos de granito em que se apresentam as armas reais de Portugal: escudo oval, assente sobre tarja, com cinco escudetes, carregado cada um com cinco besantes, com bordadura em sete castelos (três em faixa e dois de cada lado) encimado por uma coroa fechada.
Pedra de armas da Cidade do Porto
Esta pedra de armas provém da Fonte da Batalha, no Porto, construída por volta de 1830 e demolida no final do século XIX.
Representa as antigas armas da cidade com a figuração da Virgem com o Menino ao colo, ladeada por duas torres. À representação tradicional foram acrescentados por carta régia – a qual reconhece à cidade os serviços prestados durante a primeira invasão francesa – dois braços armados, um sustentando uma bandeira de armas reais e o outro uma espada enramada de louros.
Armas de D. Frei Gonçalo de Morais
Século XVII
Médio relevo
Ficha de inventário (link)
Esta pedra de armas terá pertencido ao portal do muro que existiu no antigo Largo da Sé do Porto e que foi demolido no início do século XX para dar lugar ao atual Terreiro da Sé. Representa as armas de D. Frei Gonçalo de Morais (bispo do Porto entre 1602-1617): Escudo partido: I. Morais, II. Borges. Sobre-o-todo um calvário. Chapéu eclesiástico com cordões e três ordens de borlas por lado.
Armas de D. Pedro da Costa
Século XVI
Médio relevo
Ficha de inventário
Armas de D. Pedro da Costa (bispo do Porto entre 1507-1535) proveniente de uma casa situada na rua das Flores, no Porto, que adotou como símbolo heráldico a roda com navalhas, um dos atributos do martírio de Santa Catarina de Alexandria. Na rua das Flores, originalmente designada por rua de Santa Catarina das Flores, ainda se pode ver nas fachadas de algumas casas a roda de navalhas, que identificava as residências que pagavam foro à Mitra.
Estátua fontenária
Século XVIII
Escultura de vulto
Ficha de inventário
Esta escultura fazia parte da Fonte de S. Roque no Porto, demolida cerca de 1875, que se localizava na praça do mesmo nome, também já desaparecida, para a abertura da rua Mouzinho da Silveira.
A escultura representa uma figura humana desnuda, à qual falta a cabeça, com uma fita a tiracolo, sentada sobre o dorso de um golfinho. O golfinho tem o corpo decorado com escamas e apresenta as barbatanas laterais junto à cabeça. Na boca, parcialmente mutilada, tem um orifício por onde brotava a água.
Coluna
Século XVIII
Escultura arquitetónica
Ficha de inventário
Esta coluna de fuste cilíndrico liso encimado por capitel jónico integra um conjunto de cinco provenientes do refeitório do Convento de Santa Clara, no Porto.
Fundado no século XV, este convento foi suprimido na sequência da extinção das Ordens Religiosas em 1834. O espólio foi dividido em três lotes: um com objetos de interesse local destinados ao Museu Municipal do Porto, outro com objetos para o Museu das Janelas Verdes (atual Museu Nacional de Arte Antiga) e o último composto por objetos que foram leiloados. As cinco colunas integravam o lote de objetos destinados ao Museu Municipal do Porto.
Capitel
Este capitel de pilastra é proveniente da desaparecida igreja românica de Amorim, na Póvoa de Varzim, e terá sido utilizado como pia de água benta.
Este exemplar apresenta o cesto decorado nas três faces com cenas figurativas guerreira. Na face frontal observam-se dois homens dispostos lado a lado, tocando um instrumento musical. Na face esquerda está um homem montado a cavalo que ergue uma espada numa mão e com a outra segura os cabelos do músico. Na face direita, outra figura masculina agarra o braço direito do instrumentista, enquanto este lhe segura o braço esquerdo.
Portal
Século XVI
Escultura arquitetónica
Ficha de inventário
Este portal manuelino, que dava acesso a uma capela, fazia parte do extinto Convento da Madre de Deus de Monchique, situado no Porto, na zona de Miragaia, entre a atual rua da Restauração e a rua Nova da Alfândega. O convento foi mandado construir no século XVI por Pedro da Cunha Coutinho e pela sua mulher D. Beatriz de Vilhena, cuja pedra sepulcral, que se encontrava também na capela-mor da igreja, integra a coleção de Lapidária.
O portal é constituído por um arco trilobado rematado por elementos vegetais, enquadrado por duas pilastras decoradas com meias colunas espiraladas e colunelos de fuste liso, que delimitam a parte interna do portal, decorado com florões quadrilobados.
Pedra com Insculturas
Proveniente do Monte de Eiró (freguesia de Penhalonga, Marco de Canaveses), esta pedra fazia parte de um complexo de penedos do qual foi cortada. Trata-se de um monólito em granito, de formato retangular, decorado com representações geométricas, duas espirais e linhas onduladas e serpenteadas. Este tipo de gravuras era realizado com incisores em pedra através de fricção e picotagem.
Em 1910 a pedra foi transportada por barco, pelo rio Douro, para o Museu Municipal, onde permaneceu até à integração das coleções municipais no MNSR.