Nesta planta é, pela primeira vez, representada a Ponte Pênsil, inaugurada um ano antes em 1843. Trata-se da única planta impressa da primeira metade do século XIX que a representa.
A planta de Perry Vidal assinala dois novos elementos de progresso na cidade: a primeira, a Ponte Suspença, como surge designada, corretamente implantada no local onde foi construída; o segundo elemento de progresso, de grande interesse para o comércio da cidade, o navio a vapor.
São indicadas algumas importantes alterações urbanísticas: a praça do Bolhão edificada, a rua da Restauração figura aberta em todo o seu comprimento e ligada ao passeio de Massarelos.
Inclui também uma legenda com os edifícios, travessas e calçadas numerados na planta.
Categoria de Coleção: Gravura
A coleção de Gravura do Museu Nacional Soares dos Reis contempla um período cronológico delimitado pelos séculos XVII e XX e inclui uma diversidade de autores portugueses e estrangeiros.
A gravura antiga em Portugal contempla autores da passagem do século XVIII para o século XIX. A técnica litográfica na primeira metade do século XIX encontra-se essencialmente patente no retrato.
As representações da iconografia local revelam a cidade do Porto desde finais do século XVIII, com os seus principais edifícios e rodeada pela antiga muralha defensiva, em registos valiosos para a história do urbanismo. Os aspetos panorâmicos multiplicados nas primeiras décadas do século XIX valorizam as perspetivas fluviais, a atividade ribeirinha e o porto fluvial. Na linha temática da Iconografia Histórica, a coleção acompanha também as interpretações dos acontecimentos políticos e militares da cidade do primeiro quartel do século XIX.
Oporto from Villa Nova
Esta gravura integra um álbum de seis panorâmicas do Porto Batty´s Views of the Principal Cities in Europe da autoria do Tenente Coronel Robert Batty, que incorporou o exército britânico durante a sua permanência na cidade do Porto.
Nesta gravura o autor representou o Douro e, em longínqua mancha, a antiga Ponte das Barcas. No rio registam-se numerosas embarcações ancoradas no porto fluvial. Em primeiro plano, a margem de Vila Nova é povoada por populares e pequenas embarcações. A perspetiva revela o núcleo monumental mais antigo da cidade, pontuado pelo Palácio Episcopal. Distingue-se, em plano afastado e à esquerda, a Torre dos Clérigos. O pano da muralha percorre a cidade junto ao rio e sobe a encosta dos Guindais.
Vista do Paço do Porto
Vista do Palácio dos Carrancas enquanto residência temporária da família real portuguesa após a sua aquisição em 1862. A litografia foi publicada na obra Elogio Histórico do Senhor Rei D. Pedro V, do Marquês de Resende, editada em Lisboa em 1867.
A representação da fachada principal tem alguns elementos ornamentais acrescentados, como a Cruz de Cristo, colocada no topo do frontão, e duas águias, nos extremos, alusivas aos símbolos reais. É a única representação do edifício enquanto Paço Real do Porto.
View of the City Of Oporto
R. Havell (gravura)/ Carlos Van Zeller (desenho)
Londres, 1833
Água-tinta colorida
Esta rara perspetiva do Porto é da autoria de Carlos Van Zeller, capitão da Brigada Britânica ao serviço de D. Maria II durante o Cerco do Porto de 1832-33. Produzida durante o conflito militar, a gravura abrange a cidade a partir de um ponto estratégico militar, o Mosteiro da Serra do Pilar representado parcialmente com os estragos causados pelos combates. No primeiro plano observam-se algumas figuras em costumes populares, como as varinas com as suas canastras, o aguadeiro, o homem do campo vestindo um capote de palha. Destacam-se ainda figuras militares, do exército liberal e das tropas absolutistas, estas últimas representadas por prisioneiros acorrentados.
O rio, atravessado pela Ponte das Barcas, é percorrido pelas diferentes embarcações, como os barcos rabelos e os navios de longo curso, que ancoravam no seu porto. A cidade encontra-se em perspetiva afastada, com a muralha representada em detalhe junto à escarpa dos Guindais. A gravura é acompanhada por uma folha legendada e numerada distinguindo 85 locais, edifícios da cidade e baterias militares.
C. de DO PORTO
Manuel da Silva Godinho (gravura); Teodoro de Sousa Maldonado (desenho)
Porto
1789
Gravura em cobre, tinta negra
Inserida no capítulo I da obra Descripção Topographica e Histórica da Cidade do Porto, publicada em 1789, esta é a primeira gravura portuguesa que representa a cidade em finais do século XVIII.
A perspetiva da cidade vai da Torre da Marca, a poente, até S. Lázaro, no extremo oriental da cidade. A muralha defensiva do velho burgo mantinha-se em toda a sua extensão e são assinaladas as suas portas, onde as principais detinham, devidamente indicadas, torres de vigília fortificadas. Entre os principais edifícios indicados, regista-se o grande número de conventos existentes dentro dos muros. Acompanha a representação uma legenda indicadora de 56 principais edifícios da cidade.
Este exemplar pertence à primeira edição, sendo esta uma das gravuras da cidade do Porto mais reproduzidas até hoje.
Vista da Serra do Pilar e Ponte Pênsil
Registo espontâneo da atividade da alfândega do antigo porto fluvial situado na Ribeira.
No cais as pipas são içadas de uma embarcação por meio de guindastes e o carro de bois aguarda o seu carregamento. No rio figuram os barcos valboeiros que efetuavam o transporte entre as duas margens do rio. Perto da margem de Vila Nova é representado um barco a vapor e ao longe vislumbra-se a antiga Ponte Pênsil(1843- 1877). Esta ponte foi uma obra arrojada para a sua época, realizada pelo engenheiro francês Stanislás Bigot. A sua construção, ligeiramente elevada, salvaguardava-a das cheias do rio.
Cidade do Porto
Conhecida por planta redonda, é a mais antiga planta de conjunto do centro urbano da cidade. O seu levantamento foi realizado durante a Guerra Peninsular e a presença militar inglesa no país.
Executada com minúcia, abrange a área limitada a sul pelas margens de Gaia, a norte pela Igreja da Lapa, a nascente pela Rua Direita até ao Campo do Poço das Patas e a poente pelas imediações da Torre da Marca. Contém legendas relativas a 28 edifícios públicos, largos e praças; 76 ruas e travessas; 29 conventos, colégios e igrejas.
Este exemplar impresso da primeira edição é de grande raridade.
Desastre da Ponte das Barcas
Esta gravura representa o trágico episódio do desastre da Ponte das Barcas no dia 29 de março de 1809, ocorrido durante a Segunda Invasão Francesa. De caráter popular, provavelmente de um artista local, figura como uma das representações mais fiéis da catástrofe. Documenta, junto ao cais da Ribeira, a entrada da cavalaria francesa e a fuga precipitada dos habitantes da cidade, originando uma rutura da ponte formada por 20 barcas. Na gravura, do lado esquerdo, é visível o sítio onde se deu a rutura da ponte, provocando a queda ao rio de muitos daqueles que tentavam fugir da cidade.
Vista da Cidade do Porto desde a Torre da Marca até às Fontainhas
Esta é uma das principais representações do Porto no final do século XVIII, que documenta a cidade delimitada pela antiga muralha construída no século XIV para defesa do burgo cujo perímetro subia desde o Forte da Porta Nova até à Porta das Virtudes, descendo da Porta do Sol e precipitando-se sobre o rio nos Guindais, local onde ainda hoje sobrevive um pequeno trecho.
A gravura retrata as embarcações e atividades ribeirinhas em Vila Nova: uma fragata portuguesa em construção e outras em reparação. Barcos valboeiros ou barcas de passagem estão atracados no cais e, na praia, um barco rabelo descarrega as pipas. As personagens são também minuciosamente descritas nos seus trajes e labores.
Perspetiva das margens do rio Douro subindo-se para a Cidade do Porto
Guilherme (?) Kopke (desenho)/ Christian Gottlob Hammer (gravura)
Dresden, 1827
Mezzotinto colorido
A panorâmica é colhida numa zona próxima do monte da Arrábida, com a cidade ao fundo. O rio encontra-se pleno de embarcações como seria usual, avistando-se em primeiro plano o barco português Lusitânia, entre outros de diferentes nacionalidades. Subindo o rio figura um barco a vapor, o que constituía uma novidade na época.
Tida como uma representação fiel desta zona da cidade, a gravura é da autoria de um membro da família Kopke, originária das Cidades Hanseáticas (localizadas na atual Alemanha) e estabelecida no Porto desde 1638. A família habitava em Massarelos e Vilar, zona abrangida pela panorâmica. O autor seria um hábil desenhador, certamente amador, entre outros estrangeiros que viveram e representaram o Porto nessa época.