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118º Aniversário de Nascimento de José Dominguez Alvarez

23 de Fevereiro, 2024

Filho de pais de naturalidade galega mas nascido no Porto, a 23 de fevereiro de 1906, chamou-se de seu nome completo José Cândido Dominguez Alvarez.

 

Aos 20 anos matricula-se no curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Porto, mudando logo a seguir para o curso de Pintura, onde teve como mestres Dórdio Gomes, Acácio Lino, Aarão de Lacerda e Joaquim Lopes. Só terminaria a sua formação académica em 1940, com a classificação de 20 valores e durante os dois anos seguintes foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura e professor da Escola Infante D. Henrique.

 

Integrara, entretanto, como um dos mais empenhados protagonistas, o grupo de artistas da Escola de Belas Artes do Porto que lança, em 1929, o manifesto “+ Além”, contra o ensino académico, contra os valores naturalistas de Marques de Oliveira, contra a arte como fenómeno mundano, acontecimento que marcará toda a sua vida de marginalidade em relação aos valores instituídos.

José Augusto França integra-o no segundo modernismo português, juntamente com Mário Eloy e Júlio Reis Pereira. Na pintura de Dominguez Alvarez reside uma espontaneidade que resulta numa composição de formas e cores aparentemente ingénua.

 

Fernando Lanhas caraterizou a produção do artista em diferentes fases. Na fase vermelha, iniciada em 1927, Dominguez Alvarez utilizou cores intensas e pouco trabalhadas, ao mesmo tempo que descreveu um paisagismo urbano e primário, de que é exemplo o Aspecto da Sé do Porto e a série das fábricas.

 

Numa outra fase, após algumas incursões inconsequentes no âmbito da abstração, mantendo o mesmo colorido, regressou ao paisagismo, com outra maturidade técnica, voltando ao Porto e às paisagens nortenhas como as de S. João da Ribeira em Ponte de Lima.

 

Em 1936, Dominguez Alvarez realiza no Salão Silva Porto a sua única exposição individual. Dois anos depois verá as suas obras recusadas na III Exposição de Arte Moderna do Secretariado de Propaganda Nacional, mas logo aceites na exposição do ano seguinte.

 

Em 1942, meses depois da sua morte, tem lugar, mais uma vez no Salão Silva Porto, a primeira exposição retrospetiva da sua obra, organizada, entre outros, por seu pai e os pintores Guilherme Camarinha e Dórdio Gomes e sob a égide do Instituto de Alta Cultura, na qual se expõem, sem seleção nem critério, cerca de 300 obras suas, e que será repetida no ano seguinte em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas Artes.

 

Nos anos 50 vários acontecimentos trazem para primeiro plano a sua figura de inconformista e solitário e dá-se a abertura da Galeria Alvarez, homenagem de Jaime Isidoro e António Sampaio. Nos anos 80, e à volta do centenário do seu nascimento, várias manifestações procuram posicioná-lo na arte moderna portuguesa. Assim a revista “Prelo”, da Imprensa Nacional Casa da Moeda, dedica-lhe um número e em 1987 a Secretaria de Estado da Cultura organiza, em Lisboa e Porto, uma exposição retrospetiva da sua obra.

 

Foto: Obras de José Dominguez Alvarez na Exposição de Longa Duração do Museu Nacional Soares dos Reis

Foto Capa: Autorretrato de José Dominguez Alvarez, óleo sobre cartão, sem data @Fundação Calouste Gulbenkian